quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ruben de Carvalho, "Comunicação social e realidade"

(http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/536372



(Ruben de Carvalho, Expresso, 22 de Set de 2009)


Será possível que se tenha verificado em Portugal um acontecimento de características únicas e

inteiramente novas no nosso país, que indirectamente envolveu várias dezenas de milhares de pessoas

e resultou da intervenção directa de mais de uma centena de cidadãos portugueses utilizando material

invulgarmente sofisticado e complexo - que se prolongou por mais de duas horas -

e que nenhum jornal diário tenha publicado uma única notícia, nenhum tenha inserido

uma única linha sobre o facto?

É.

Aconteceu precisamente isto com o concerto de abertura da Festa do "Avante!"

deste ano, na passada sexta-feira, 4 deste mês, preenchida com uma gala de ópera.

Num palco ao ar livre, perante a heterogénea plateia de dezenas de milhares

de pessoas de todas as idades que constitui um verdadeiro traço identitário da Festa,

foram executadas obras de Rossini, Bizet, Puccini, Gershwin, Mozart, Leoncavallo, Verdi e Bellini.

O espectáculo envolveu uma orquestra sinfónica completa e ampliada, regida pelo maestro japonês Kodo Yamagishi,

com cerca de uma centena de músicos (a 'Marcha' da "Aida" de Verdi, por exemplo, seguiu rigorosamente -

o que não é vulgar - a partitura original, com recurso ao conjunto de eufónios, utilizados apenas nesta peça) e

um coro completo, o Lisboa Cantat, quatro cantores líricos inteiramente consagrados e dois jovens

reconhecidamente promissores.

O gigantesco palco da Quinta da Atalaia que acolheu esta complexa montagem dispunha,

além da necessária iluminação e aparelhagem de captação e amplificação sonora

(a qualidade do som foi reconhecida unanimemente), dois ecrãs de vídeo laterais alimentados

por uma régie sustentada em quatro câmaras fixas, duas móveis, uma exclusivamente para o maestro,

uma câmara em charriot e outra em grua.

A realização esteve a cargo de uma equipa especializada em cobertura de eventos musicais

que assegurou uma excepcional qualidade. Os milhares e milhares de espectadores desfrutaram

a invulgaríssima e apaixonante experiência de assistirem a um concerto com imagens com o detalhe e

a qualidade, por exemplo, das de uma emissão do canal Mezzo, ao mesmo tempo que assistiam

ao próprio concerto ao vivo.

Os infindáveis e entusiásticos aplausos que pontuaram o espectáculo prosseguiram após o seu termo:

os autocarros onde as duas centenas de coralistas e músicos deixaram a Festa foram aplaudidos à passagem

pela multidão que ainda enchia o recinto.

Toda a concepção, programação, produção e direcção da gala foi assegurada por profissionais e

colaboradores portugueses.

Foi editado um programa de 24 páginas, distribuído primeiramente com o semanário "Avante!" e, depois,

fornecido gratuitamente na própria Festa.

A imprensa... nada viu.

Ou terá visto?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Quando o maravilhoso acontece / Anabela Fino (Festa do Avante)

Quando o maravilhoso acontece

A Gala de Ópera superou todas as expectativas. O que menos surpreendeu, se assim se pode dizer, foi a própria qualidade do espectáculo, já que a escolha do programa e o elenco dos artistas traziam «selo de garantia» a toda a prova. A dúvida, se existisse, estaria no impacto com o público, essa mole humana que em cada momento é preciso prender, cativar, seduzir para que entre as partes se estabeleça a corrente de compreensão e cumplicidade que torna possível a um acontecimento tornar-se único.
O público daquela sexta-feira de Lua cheia, há que dizê-lo, era tudo menos convencional – ou o que se convencionou sê-lo – nestas coisas do
bel canto. Quem nessa noite passou pelo palco 25 de Abril pôde constatar que o mar de gente ali concentrado era o mais heterogéneo possível: crianças, pessoas da mais provecta idade, adultos, adolescentes… nem se pode dizer que fosse dos oito aos oitenta, pois muitos eram os que ainda têm pela frente muita fralda para gastar…
Mas a diferença maior não era sequer a etária; quem se deu ao trabalho de olhar e ver, de escutar e ouvir, percebeu que por ali havia amantes de ópera e quem nunca tivesse tido a possibilidade ou a curiosidade de assistir a tal género de espectáculo. Quem o fez, sem o espartilho do preconceito das palmas no «momento certo» ou da obrigatoriedade da emoção contida, teve a oportunidade de assistir ao sempre comovente acontecimento que é a descoberta e o enamoramento.
Houve gente de lágrimas nos olhos ao ouvir Puccini ou Bellini; houve quem desse largas ao deslumbramento comentando alto e bom som – oh sacrilégio! –
esta coisa afinal é fixe, meu! ou esta é mais fixe qu'a outra!; houve quem não resistisse a um passo de dança; houve quem trauteasse uma área de Verdi ou ensaiasse a gargalhada do palhaço de Leoncavallo Ridi – Pagliaccio, sul tuo amore infranto, ridi del duol che t'avvelena il cor!; houve enfim quem não contivesse o apelo dos pés e corresse pelo recinto vivendo a música que se desconhecia e afinal é tão bela.
A experiência única de assistir a tal espectáculo dentro do espectáculo fez-me lembrar o mestre Federico Fellini e a que é considerada a sua última obra-prima –
E la nave va. Nesse navio que é uma alegoria ao «navio do mundo», admiradores da grande cantora lírica que foi Edmea Tetua partem de Itália para cumprir o último desejo da diva: lançar as suas cinzas na ilha de Érima.
A ordem do navio é a «ordem» social, estratificada em classes, ocupando cada uma o seu lugar. No fundo de tudo, isolado de todos, sujeitos a brutais condições de trabalho, estão os operários que alimentam as caldeiras e controlam as máquinas sem as quais o navio não anda. Quando os artistas visitam a casa das máquinas, onde impera um calor infernal, alguém pergunta quanto tempo passam ali os operários. A resposta do oficial é pronta: «Estão tão acostumados que adoecem quando saem.»
Mas os operários pedem aos artistas que lhes cantem uma canção para minorar o seu sofrimento, a magia do
bel canto toma conta da cena e o maravilhoso acontece. Nunca os artistas cantaram tão bem, nunca um público os apreciou tanto.
Fellini já não está entre nós, mas não pude deixar de pensar como gostaria que o mestre tivesse estado na Festa do Avante! para fixar esse acto de amor que, para além da excelência do espectáculo, foi a Gala de Ópera.
A madrugada já ia alta quando os músicos da Orquestra Sinfónica do Ginásio Ópera, os membros do Coro Lisboa Cantat e os cantores líricos Ana Paula Russo, Giovanni Manfrin, Laryssa Savchenko, Pedro Correia, Luíza Dedisin, Luís Gomes, e os maestros Jorge Alves e Kodo Yamagishi abandonaram a Festa. Apesar do adiantado da hora, milhares de pessoas fizeram alas para os aplaudir uma vez mais, num inequívoco
Voltem sempre!Porque la nave va.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Gala de Ópera

http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=34206&Itemid=195

O concerto vai ser dirigido por UM Maestro!

A Festa do Avante! abre com Gala de ÓperaPDFImprimirEMail
Sexta, 19 Junho 2009
A próxima edição da Festa do Avante! - 4, 5 e 6 de Setembro abrirá com uma “Grande Gala de Ópera” na noite de sexta-feira, no palco 25 de Abril. Verdi, Bizet, Mozart, Puccini, Rossini e Gershwin têm este ano encontro marcado na Quinta da Atalaia, num espectáculo dirigido pelos maestros Jorge Alves e Kodo Yamagishi, acompanhado pela Orquestra Sinfónica do Ginásio Ópera, pelo Coro Lisboa Cantat e por vários solistas nacionais e estrangeiros.

Festa do Avante! abre com Gala de Ópera

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Istanbul Devlet Opera ve Ballesi

Gluck: Orphée et Eurydice, 22. Abril 2009

domingo, 15 de março de 2009

13 Março 2009, às 22h
Igreja da Nossa Senhora da Consolação do Castelo, Sesimbra. 

Recital "Verdi e o Seu Tempo"

Larissa Savchenko (MS)
Kodo Yamagishi (ao Piano)